Escrevo porque encontro nisso
um prazer que não consigo traduzir.
Não sou pretenciosa.
Escrevo para mim, para que eu sinta
a minha alma falando e cantando,
às vezes chorando.
[Clarice Lispector]

sábado, 22 de janeiro de 2011

Quando o peito apertou pela primeira vez, talvez ela tenha sorrido, não sei dizer. Mas suponho tal acontecimento, pois ter seu interior totalmente revirado por outra pessoa depois de tanto tempo sem qualquer tipo de movimento lá dentro, era realmente algo inesperado. Contudo já se esperava. Não por ser comum, ou até mesmo inevitável, mas pelo gosto de querer. E ela queria. Queria sentir de novo toda aquela emoção de insetos voadores em seu corpo toda vez que a musica de chamada tocava, queria ouvia a voz de alguém e fechar os olhos e sorrir, simplesmente por ser aquela voz, queria pensar tanto em alguma pessoa que o rosto ficaria marcado em sua cabeça. Ela queria, realmente queria. Mas ela nunca soube ao certo o que, não poderia descrever seus desejos, porque dentro de todos eles havia o receio. Receio de qualquer garota que escolhe ir adiante por outro alguém. Admiro tal disposição por simplesmente pensar na possibilidade do tempo de acertar as coisas, à de ter muita paciência quem recorre a ele, e a de ser muito corajoso quem senta e espera. Mas o tempo não muda nada por si só, o tempo nem ao menos cura algo, apenas desloca o incurável do centro das atenções. E ela agora queria ser esse centro dele. Não era algo egoísta, era algo puro. Perguntava-se o que poderia ser feito em relação ao que sentia, pois na verdade, não sabia o que era. Não sabia se estava crescendo porque deveria ser assim, ou porque ela se permitia, mas não lutava contra. Cogitava, é claro, essa possibilidade. Mas era apenas cogitação. Não durava muito. Afinal, tinha-se o risco, mas o que era algo nessa vida sem riscos? O que é uma subida se não possibilidade de cair? Qual seria a graça de voar se não houvesse chão? Esses questionamentos, ele não sabia. Não podemos julga-lo, ela também não sabe ainda. Não totalmente. E talvez nunca venha a saber. Sabe-se como são essas coisas, na verdade nunca se sabe nada. Inesperado.

[Carolina Assis]

domingo, 16 de janeiro de 2011

Vocês conseguem descobrir as riquezas soterradas, nas pessoas que os decepcionam?

Passe se muito tempo depois que decidimos lutar por algo. Não digo tempo em estado abstrato, nem mesmo do real, mas daquele interior que mexe com nossos calendários e fazem cada momento ser uma eternidade. Luta incessante que nunca aprece ter algum triunfo, mas tem, embora estejamos cansadas demais, com dores demais, e cheias de curativos pelo peito para notarmos isso agora, não podemos nem ao menos sorrir com todos nosso caminhos traçado pelas lições que ganhamos nessas batalhas, que perdemos todos os dias e ganhamos a todo minuto. A força já não se sabe mais de onde vem, não se sabe se tem, mas tem. Sempre tem. Passamos a tirar proveito de tudo que um dia nos fortaleceu e tudo em nome deles. Enfrentamos algo tão forte quanto nós mesmo, nossa vida lá fora. Olhares nos cercam e acusam de lutar pro causas perdidas. Mas não são perdidas, e nunca serão, não enquanto acreditarmos nelas, não enquanto houver um telefonema no meio da madrugada e um abraço no meio da dor. Enquanto houver segundos de alegrias que nos fazem crer que todos aqueles momento de agonia valeram a pena. Porque nunca se sabe a força que se tem até precisar te-la. Nós não sabíamos, nós ainda não sabemos, porque a cada dia descobrimos novas formas de ir alem, de fazer algo maior , de poder hospedar dores que tiram o ar, a fome, e vontade de continuar. Mas até isso é força, porque há de ser muito forte a que desistir primeiro, a de ser mais forte aquela que lutar até conseguir. A de ser um amor muito grande para ter chegado até aqui. E hoje admiro-nos não por falta de modéstia, nem por mero agrado a nos mesmas, mas por sermos capazes de gostar tanto de pessoas que não fazem valer o vocativo 'meu amor'. Mas não os culpo, afinal, nem nós sabíamos o quanto podíamos seguir em frente, mesmo com tudo nos puxando para traz. Não sabíamos que seriamos capazes de provar a todo que mesmo que no final de tudo, haja mesmo um final, o que não acreditamos devido as circunstancias e acontecimentos, mulheres formadas e preparadas saíram de um obstáculo que fez cada célula de nosso corpo respirar a vida e agradecer a ela , mesmo tendo desistido todos os dias dessas alegrias que nossos motivos de felicidades nos tiraram. Não acredito que isso seja em vão, porque nada nessa vida é. E que mesmo se daqui há alguns anos o vento pare de nos mandar eles, saberemos que os tivemos sim, como nenhuma outra se quer chegou perto de ter. Porque eles nos tinham, mas dentro deles, elas sempre foram de fora. E mais uma coisa... Eles sempre voltam.

[Carolina Assis]

Onde aprender a odiar para não morrer de amor?

Aceito te não porque me deste escolha, mas por conter tudo aquilo que me instiga a sonhar e a crer, mesmo sabendo que no fundo eu só te queira por saber que sou capaz de querer alguém e aceitar, ou aceitar por querer. Na realidade posso sentir a meus impulsos sendo viáveis a seu favor assim como suas verdades são meus direitos. Mesmo você não tendo direito algum de dizer a verdade. Até porque, te aceitei com suas mentiras, e você com as minhas. Menti o tempo todo que nunca te aceitaria. Não posso imaginar te querendo sem tudo isso. Mesmo que eu te queira de todas as formas.
[Carolina Assis]

Mas às vezes a saudade é tão profunda....

De alguma forma pude perceber que quando penso em te esquecer fico apavorada. Não por não conseguir, justamente o contrario. Eu sei que conseguirei. E isso me traz desespero, de ser capaz de esquecer o único que amei verdadeiramente. E não digo entre os homens por quem me apaixonei, mas de todo o circulo de pessoas que envolvem minha vida, você é único que aceitei total entrega do que sempre temi. Porque se um dia eu me for, ou simplesmente aceitar que você se vá, sentirei não apenas sua falta, mas falta de mim mesma. Sentirei falta de como me sinto ao seu lado, de como você me faz sorrir e de suas mãos quentes. Sentirei falta dos seus olhos brilhando quando fala de algo que gosta e de como os deposita sobre o meu. Sentirei falta de quando você chega exausto para me encontrar e o modo como eu arrumo seu cabelo. Sentirei falta da sua mania de mudar de assunto quando percebe que estou incomodada com algo que disse e de como toca meu braço para chamar minha atenção. Sentirei falta da sua voz ao celular sempre que sinto sua falta, de como me liga para saber como estou, onde estou, e sentirei mais falta ainda, das desculpas que arruma para me ligar. Sentirei falta inclusive de seus gritos quando não atendo o celular ou apenas demoro para atender. Sentirei falta dos seus palavrões quando não te respondo algo rápido, dos seus insultos impulsivos e de suas desculpas gaguejadas, e do seu jeito desconsertado de dizer que gosta de mim. Sentirei falta ainda mais dos seus gestos mostrando que não consegue ficar sem minha presença, e de como sempre arrumas novas maneiras de dizer que também não consigo ficar sem a sua. E sentirei falta da sua, sua constante e imensa presença que ocupa todas minhas saudades do mundo todo, das palavras quando preciso e das mensagens dizendo que esta vindo me ver. Sentirei falta das musicas no fundo do telefone que cantava para mim, mesmo não dizendo que era para mim e dos seus argumentos mal formados quando esta com ciume ou quando quer derrubar o meu. Sentirei, inclusive, muita falta das suas historias de garotas, que me rendiam boas gargalhadas, e sua mania de não dar certo com nenhuma e sempre voltar para mim. Sentirei falta de como somos nós mesmo um com o outro e de como nos conhecemos, das discussões sem sentido que usamos apenas para podermos fazermos as pazes, porque sempre gostamos das nossas reconciliações. Sentirei falta de como gosto de você, embora sendo você, e de como me dou bem com isso. Sentirei falta do seu cabelo em meu rosto quando se apoia em mim, e da sombra que me faz quando esta sol. Sentirei falta dos seus braços se arrepiando quando te toco, e mais ainda das suas controversas para arrumar outra explicação para isso. Sentirei falta do seu sorriso e da alegria que ele me traz. E eu gostaria que soubesse, que essa pequena resenha não poderia chegar ao alcance da falta que tudo que leva seu nome me faria. Porque hoje, em mim, você é tudo que me constroe. Mesmo que eu me esqueça disso as vezes. Alias... Sentirei falta de como você sempre me lembra isso tudo.

[Carolina Assis]
Tão de repente que se eu não estivesse a espera não teria notado. Não, certamente não esperava, não por isso, não por algo tão diferente, tão único, tão... tão meu. Mas por algo eu tinha anseio. Nunca soube dizer, tão pouco interessa agora. Tudo que interessa é você e o modo como faz tudo sempre chegar a seu nome. Não de propósito, posso sentir quando se engana em fazer tudo do jeito certo, e como se esforça para errar. Mas você cansa. Sempre achei um defeito seu, você cansar rápido demais. Você cansa de desistir... E sempre volta. Seu defeito hoje é minha maior qualidade. Meu sangue frio não se acomoda em sentir sua falta, mas sempre sente, mesmo sendo eu que vou embora. Porque eu sempre vou. Sou covarde. Você me chamou certa vez assim quando não quis te ver, porque estava te esquecendo. mentira. Nunca cheguei nem perto da decisão de te esquecer. Não porque o amor é grande. Grandes amores se esquecem também. Mas porque ele me completa, ele me faz feliz. E eu gosto de ser feliz. Gosto também de você e de como exerce sua tarefa com exatidão. Como traz cores a dias sombrios, nascer do sol em noites escuras, e estrelas em céu negro. Porque na realidade minha estrela sempre foi você. Brilhando lá longe, mas para mim. Cuidando de mim. Do jeito grosseiro e brusco de ser, sempre cuidou, sempre quis ser melhor. Lembro-me da noite que disse suspirando que brigava comigo sempre para me fazer alguém melhor. Achei lindo, não porque de fato é algo belo, mas porque foi sincero. e Você sabe, sempre fui apaixonada por sinceridades... E por você.

[Carolina Assis]

Tudo novo, de novo!

Que minha lista confusa desse próximo ano consiga ser ao menos lida mais de uma vez, e não apenas escrita. Que eu seja capaz de fazer tudo ao meu alcance para realiza-la. Aprender a ser miudinha. Aceitar ser grande Não tentar suavizar o que não é suave. Não tem ver beleza extrema onde não há. Ver beleza onde não há. Perdoar mais rapidamente. Aprender a não esquecer tão rapidamente. Entender que o pra sempre não dura tanto assim, e que a eternidade esta no momento de existir. Entrelaçar sonhos. Lutar. Realiza-los. Se satisfazer com o alcance que tomar, e não se entristecer por não conseguir. Conseguir. Que seja doce. Lembrar-me de olhar para o céu e sentir as estrelas perto de mim. Matar minhas saudades, mas deixa-las por um tempo alimentando meus amores. Amar. Esquecer. Amar ainda mais. E não esquecer. Ler. Ler mais ainda. Escrever. Escrever sobre algo que não seja para ele, ou sobre ele, ou por ele. Sair do nós. Cair no outros. Dançar sempre como se não tivesse ninguém olhando. Cantar como se ninguém tivesse escutando. Ser mais corajosa. Melhoras minha memória. Lembrar-me. Engolir minha grosseria e meu sarcasmo. Não, meu sarcasmo pode continuar. Ser menos egocêntrica, e valorizar minha capacidade de amar. Sonhar de olhos abertos. Entorpecer. Ficar livre de tudo que me tira o riso. Fazer os outros sorrirem ainda mais. Conhecer pessoas, e mante-las comigo. Não deixar antigas irem. Quebrar teorias. Formas bons princípios. Segui-los. Enlouquecer. Passar no vestibular. Ser a melhor da turma. Não pegar DP. Criar laços. Estar pronta para desfazê-los. Dormir cedo. Não faltar a academia. Trazer a tona coisas adiadas. Fugir. Voltar. Ir além. Não beber. Mergulhar. Viajar. Passar mais tempo com minha melhor amiga. Diminuir a teimosia. Aprender a aceitar conselhos, mas nunca deixar de seguir meu coração. Não ser racional. Não ser controlado pela emoção. Não ter medo dos meus impulsos. Admitir meus medos. Meus erros. Ser uma boa amiga. Uma boa filha. Uma boa namorada. Uma boa garota. Orgulhar a Deus e a meu amor. Mudar. Continuar a mesma. Não adoecer. Cuidar. Aprender a gostar de crianças. Desobeder. Mudar a vida de alguém. Ter paciência. Ter muita paciência. Ter mais paciência ainda. Correr. Gritar. Ir atrás. Aprender a ser ambidestra e a assobiar. Não perder ninguém. Ser forte quando perder. Cair na teia dos acasos. Rir das quedas. Achar engraçado as esquisitices. Ser esquisita. Dar o melhor de mim. Cultivar o melhor de mim. Ter overdose de alegrias não motivadas. Libertar as borboletas. Aprisiona-las novamente. Desistir. Insistir. Ser surpreendida. Não falar palavrão, e não pensa neles. Melhorar minha letra. Retomar meu curso de ingles. Excluir o orkut. Depois fazer outro. Tropeçar. Insistir no que é bonito. Fazer ser o que não é. usar roupas coloridas. Não descrever. Não nomear. Inventar palavras sem sentidos. Desabafar em papéis. Provar amor a alguem. Provar a ele. Fazer de tudo que não fiz esse ano. Transbordar carinho. Ser sensata, quieta. Continuar no meu mundo. Trazer as pessoas para dentro dele. Saber calar-me. Saber não calar-me. Gostar do silencio. Traze-lo comigo. Aprender. Desaprender. Entender causas. Esquece-las. Apaixonar-me de novo. Pela mesma pessoa. Por outro. Por outros. Voar de asa delta. Ir para o Rio de Janeiro. Não esquecer das minhas palavras ditas, e não me perder entre as ouvidas. Saber distinguir quando continuar e quando parar. Entender que mesmo que nada disso seja feito, que eu na próxima virada, eu saiba que tentei. Porque tentar ainda é uma das coisas mais linda desse mundo. Do meu.

[Carolina Assis]