Escrevo porque encontro nisso
um prazer que não consigo traduzir.
Não sou pretenciosa.
Escrevo para mim, para que eu sinta
a minha alma falando e cantando,
às vezes chorando.
[Clarice Lispector]

domingo, 14 de novembro de 2010

Por que borboletas? Duram tão pouco.

Mas a flor esqueceu de dizer que as borboletas vivem tão pouco.
Ela suportou larvas em momentos de todos os dias, momentos terríveis, dolorosos, que pareciam não acabar nunca. E acabavam.
E vinham aquelas maravilhosas criaturinhas.
Passou o resto dos dias com lindas borboletas a visitando...
Mas elas sempre iam embora.
Cedo demais, simplesmente sumiam, e não voltavam.
E a flor suportava mais larvas, porque as queria de volta, mesmo sendo outras.
Eu fui a flor por muito tempo, e ainda sou.
Orgulho-me disso, dessa insistência, desse tempo percorrido, dessas cicatrizes criadas pelas minhas larvas preferidas, dessas finalidades... Esse final que nunca chega.
Mas é assim mesmo, na vida todo final é sempre um recomeço. Odeio finais, amo começar, e recomeçar, e começar de novo.
Por isso para mim, final é começo. E Fim. E começo...
E borboletas, e larvas, e borboletas... e esperança, de que um dia elas se tornam resistentes e passem a viver mais, para mim, e diante de meus olhos.
As do estômago andam me enjoando.

[Carolina Assis]

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