Escrevo porque encontro nisso
um prazer que não consigo traduzir.
Não sou pretenciosa.
Escrevo para mim, para que eu sinta
a minha alma falando e cantando,
às vezes chorando.
[Clarice Lispector]

domingo, 14 de novembro de 2010

Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.

Eu tinha medo, mas era uma medo diferente. Eu o desconhecia, não sabia o que viria, por isso tinha medo, por não saber o que esperar. Das outras vezes me preparei, entendi as causas dos acontecimentos, e em alguns casos os enfrentei conformada. Não tive medo. Mas agora o nada me esperava, assim como o tudo, poderia ser laranja, poderia ser azul, poderia ser extenso ou até mesmo mínimo. Eu não sabia. Pensei o tempo todo nisso, pensei tanto que o medo começou a fazer parte de mim, eu já não o sentia como antes. Lembrei de tudo que já havia esperado, e percebi que não importava o que viria eu enfrentaria, porque de alguma forma o que iria vim, viria porque eu podia suportar. Foi o que fiz, esperei sabendo que medo não ajudaria, mesmo as vezes sendo necessário.. Esperei porque esperar acalma. Mas espera da lugares a novas possibilidades, e demora intedia. Eu sempre odiei o tédio, e agora eu desejava o que viria, para vim e me resgatar dessa espera. O que antes me repulsava, agora me atraia. Descobri que era isso o tempo todo, precisei temer o desconhecido para depois deseja-lo. Mas desejar algo causa desintegração de existência.
Foi nessa descoberta que voltei a teme-lo.
Porem continuei a deseja-lo.

Ainda espero, desejando e temendo-o.

[Carolina Assis]

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